6 – A Ética no Culto Cristão
O culto é como uma gota de orvalho em busca do oceano do amor divino; é uma alma faminta diante do celeiro espiritual; é uma terra sedenta clamando por chuva; é uma ovelha tresmalhada (afastada do bando) no deserto, balindo em busca do Bom-Pastor; é uma alma buscando sua contraparte; é o filho pródigo correndo para a casa de seu pai. Enfim, é o homem subindo as escadas do altar de Deus. Dada a preciosidade que é o culto, procuremos conhecer suas bases e sua essência, bem como, a necessidade da reverência ética do culto.
6.1 – As bases Bíblicas do Culto Cristão
A confissão da Igreja cristã tem por objetivo principal a glorificação a Deus e alegrar-se nele (Sl 112.1). Isto faz do culto o ato mais importante, mais relevante, mais glorioso na vida do homem (Sl 84.1-4). Contudo, quantos crentes sabem distinguir entre a verdadeira e a falsa adoração? (Jo 4.23-24) Será que você tem cultuado de modo que agrada a Deus? Hb 11.5 “Mas está chegando a hora, e de fato chegou em que os verdadeiros adoradores vão adorar o Pai em espírito e em verdade. Deus é Espírito e os que o adoram devem adorar em Espírito e em verdade”.
6.2 – Palavra que designa adoração
Para alcançarmos uma visão correta sobre o culto cristão, é mister examinarmos alguns termos usados pelos escritores: “Latreia” cujo significado principal é “serviço” ou “culto”. Denota o serviço prestado a Deus, pelo povo inteiro ou pelo indivíduo. Em outras palavras, é o serviço que se oferece à divindade através do culto formal, ritualístico e através do oferecimento integral da vida (Ex 3.12; Dt 6.13; Mt 4.10; Lc 1.74; 2.37; Rm 12.1).
6.3 – Bases Teológicas do Culto
A adoração cristã se fundamenta na nova aliança (Hb Está franqueada ao crente a comunhão com Deus, pelo novo e vivo caminho aberto por Jesus Cristo (Hb 10.19-22). “Portanto, ofereçamos sempre por Ele a Deus, sacrifício de louvor” (Hb 13.15ª).
6.4 – Os requisitos Éticos do culto
O cumprimento de um ritual não basta para que haja culto. É indispensável à aceitação, por Deus do culto oferecido (Sl 20.3). Deus estabelece condições para aceitar a adoração de homens (Jo 5.41). A ignorância dessas condições ou sua violação transforma o ritual do culto divino em exercício unilateral com sérias conseqüências para os participantes. No culto devemos alcançar a plena comunhão com Deus, através da fé (Hb 10.38; 11.6).
6.5 – As Bases Éticas no Culto a Deus
“O tédio religioso” sempre foi um dos maiores inimigos do cristão, no que se refere à sua vida espiritual. O tédio é um estado mental resultante do esforço para manter interesse por uma coisa pelo qual não temos o mínimo interesse. Este fato tem levado a Igreja, em nossos dias, a oferecer certos atrativos ao povo, no que tange ao culto.
6.6 – A Necessidade do Culto
O culto é necessário, pois tem por finalidade o homem (Ex 19.17). No culto, o homem acha a razão da sua existência, (pois ele foi criado para a adoração (Sl 96.9). O fim supremo e principal do homem é glorificar a Deus. Fora da posição de adorador de Deus o homem não encontra o sentido para a vida (I Cor10.31; Rm 11.36). O culto foi instituído e ordenado por Jesus Cristo. Quando a Igreja se reúne para louvar, orar, pregar a Palavra e celebrar os sacramentos, ela simplesmente o obedece (Mc 16.15-16; At 1.8; 20.7; I Co 11.24-25).
6.7 – A essência do Culto
Em meio às múltiplas maneiras de cultuar, há um elemento imprescindível à adoração: o amor. A essência da adoração é o amor. É totalmente impossível adorar a Deus sem o amor. E Deus nunca se satisfez com menos que “tudo”, “amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma e de toda a tua força” (Dt 6.5). “Sem o incentivo do amor por Deus, o culto não passa de palha, pura casca, isento de qualquer valor. Pode até se tornar em culto a Satanás”.
6.8 – Ação intelectual de Adoração
A adoração também envolve o exercício da mente. “Dianóia”, em grego significa capacidade de pensar e refletir religiosamente (I Jo 5.2,10); Ef 4.18; Mt 24.15). Este entendimento é dádiva divina (Lc 24.25; Ef 1.17,18). Portanto, a adoração deve ocupar a mente, de maneira a envolver a meditação e a consciência do homem. Em romanos 12.2, Paulo estabelece que o culto deve ser racional.
6.9 – A reverência como prioridade no culto
São muitas as bênçãos que podemos receber de Deus durante o culto, mas a apropriação de tais bênçãos deveriam ser o objetivo de todos quantos participam do culto. A maneira correta de participarmos do culto deve ser com espírito de reverência. “Sirvamos a Deus agradavelmente com reverência e santo temor” (Hb 12.28).
6.10 – Razões para reverência
Servimos a um reino de poder. “Pelo que, tendo recebido um reino que não pode ser abalado, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus agradavelmente com reverência e piedade” (Hb 12.28). esse reino é impossível de ser abalado, do grego: “asauleutós”, irremovível. Não existem sistemas, ordens ou poderes que superam esse reino; pois o Senhor dos senhores é o seu comandante.
6.11 – Atitudes Reverentes
É necessário que durante o culto, mantenhamos uma atitude reverente com o local de adoração, uma vez que Deus está no templo. “Pois onde acham dois ou três reunidos em meu nome, aí estou no meio deles” (Mt. 18.20). Temos, neste texto, a garantia da presença do Senhor em qualquer reunião em que o seu nome seja cultuado. E, uma vez que Deus se faz presente em nossas reuniões, necessário se torna que o reverenciemos.
6.12 – Indicações Bíblicas para um Culto Reverente
Sem a verdadeira adoração a Deus, não há verdadeiro culto (Jo 4.23). Na presença do Altíssimo demonstremos, com toda sinceridade de alma, a nossa profunda humildade e reverência em face da sua santidade absoluta (Lc 6.5). Evidenciemos nosso amor e dedicação a Ele, e demonstremos confiar no cuidado que Ele tem para conosco ( 1ª Pe 5.7). Sem que o nosso coração esteja a transbordar desses profundos sentimentos em sua presença, não estaremos cultuando verdadeiramente ao nosso Deus.
6.13 – As atitudes antiéticas no culto a Deus
Há, infelizmente, muitos crentes que não sabem manter uma atitude Correa perante o Senhor, no seu santuário. Esquecem-se de que o culto é o encontro de Deus com o seu povo (Hc 2.20), é necessário reverência. São meros assistentes; e, por conseguinte, jamais chegam as bênçãos que o Senhor reserva aos que realmente o cultuam em espírito e em verdade (At 2.43).
6.14 – Desatenção no culto
A falta de atenção é o mesmo que falta de consideração, descortesia. Miguel Rizzo, referindo-se ao culto divino, escreve o seguinte: “É preciso que haja ambiente próprio para que ele seja proveitoso. Isso é fácil de se entender. A atitude mental de quem cultua a Deus é diferente daquela de uma pessoa que esteja numa festa tumultuosa, entregando-se à alegria mundana (Dn 5.2,3).
6.15 – Movimentação desnecessária no recinto do Culto
Observamos, infelizmente, a falta de reverência em muitas de nossas igrejas, não só por parte das crianças, mas de pessoas adultas na idade que deveriam ser também adultas no comportamento cristão (I Co 13.11) Entretanto, por não terem ainda atingido a maturidade espiritual é que são assim irreverentes (Lv 26.2).
6.16 – Outras atitudes irreverentes
Temos, infelizmente, o exemplo dos crentes de Corinto. Eram tão irreverentes, durante o culto, que chegavam a se embriagar durante a celebração da Ceia do Senhor! Daí a enérgica advertência do apóstolo Paulo: “Por causa disto há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que dormem” (II Co 11.30). Ainda hoje o pecado da irreverência é o responsável pela debilidade espiritual de grande número de membros de igrejas. O crente que não mantém uma atitude correta perante Deus durante o culto não cresce espiritualmente, além do que prejudica sensivelmente o trabalho, com sua frieza e indiferença ( I Co 14.15).
6.17 – Reverência e Ordem no culto
A reverência e a ordem no culto divino são assuntos dos quais se ocuparam vários dos escritores da Bíblia (Ex 3.5; Js 5.15; Ec 5.1; Sl 93.5; Hc 2.20). No contexto da recomendação de Paulo quanto ao procedimento no culto divino, recomenda o apóstolo: “Faça-se tudo para edificação”, uma vez que “Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em toda a igreja dos santos” ( I Co 14.26-33).
6.18 – Pontos a considerar
Há determinados pontos básicos que devemos considerar se quisermos compreender o significado da reverência e ordem no culto a Deus, dentre os quais destacamos os seguintes:
– Deus é um Ser excelentemente santo, digno da mais absoluta honra e louvor (Is 6.1-3);
– O culto divino é o ponto de encontro da criatura com o Criador, do salvo com o Salvador, numa expressão de comunhão e de reverência (Sl 148);
– Somos falíveis criaturas de Deus, pelo que devemos agir reverentemente diante d’Ele, lembrando-nos que até mesmo os serafins se têm por imperfeitos diante da Sua augusta face, pelo que têm de encobrir os rostos e os pés quando estão diante d’Ele (Is 6.2).
6.19 – A Santidade do Templo
Aplicada a nós, hoje, a ordem divina dada a Moisés e a Josué, em oportunidades distintas, “…tira os teus sapatos de teus pés; porque o lugar em que está é terra santa” (Ex 3.5; Js.5.15), fala da necessidade de policiarmos o nosso comportamento diante da presença de Deus.
Graças e paz!
Pr. Misael Job
05-06-2017