ÉTICA CRISTÃ, NA VIDA E NO MINISTÉRIO – PARTE 3

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3 – A prestação de Contas

A vida da humanidade vem passando por inúmeras transformações, e à medida que o homem, abusando dos poderes que lhe foram concedidos por Deus, vai dominando a natureza de forma incontrolável e impiedosa, ele próprio colabora para um terrível desequilíbrio, que é notado em todos os aspectos da vida.

Ninguém deve pensar que Deus está alheio aos acontecimentos. Chegará um dia em que todos serão julgados (1ª Co 2.12-15; Ap 20.11,12). Nem mesmo os crentes fiéis ficarão  sem julgamento (1ª Co 3.13-15).

Jesus ensinou através de parábolas que ao homem são dadas condições de administrar bem tudo aquilo que lhe é responsabilidade (Mt 25.15-30). O homem foi constituído mordomo das riquezas que pertencem a Deus e como tal, um dia deverá prestar contas de como administrou tais riquezas ao verdadeiro proprietário, que fará justiça a todos.

4 – Os Fundamentos Bíblicos da Ética Cristã.

O ministério do ensino se expõe de maneira incisiva e clara nas Escrituras (Ex 18.20; Lc 19.47). O propósito e os métodos deste ministério podem ser vistos tanto no Antigo como no Novo Testamento. Jesus disse: “A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou” (Jo 7.16). Esta declaração veio dos lábios do próprio Jesus, revelando o propósito da Palavra como manual de ensino.

4.1 – Nos tempos da Lei

O Antigo Testamento, não tenta ensinar apenas para desenvolver o intelecto, mas comunicar, ensinar a viver de acordo com suas crenças e de acordo com suas necessidades éticas ( Ex 20.1-17; 21.1-16). O conceito que se tem a simples vista do ensino do Antigo Testamento, é que apenas os israelitas tinham que aprender longos relatos de seus antepassados e históricos de suas experiências na trajetória até a terra de Canaã (Dt 4.1). Porém se olharmos para o conceito que se tinha do ensino do aprendizado veremos que isto vai muito além do que sabemos.

4.2 – Na vida de reis e principes

Muitos reis e príncipes foram beneficiados pela Palavra de Deus. Pv 3.13-16. Os vários desvios da nação de Israel surgiram em consequência da ignorância da Palavra (II Cr 36.16) Por outro lado, quando o rei buscava ao Senhor e voltava-se para a Palavra, a nação prosperava (II Cr 26.5). Essa é uma constante na História de Israel “queda e levantamento”. Na época de Juízes, tem vários relatos das consequências desastrosas da desobediência de Israel (Jz 21.25). Josué recebeu sérias recomendações para observar os preceitos da Lei do Senhor (Js 1.7,8). Sua obediência lhe valeu o sucesso.

4.3 – Nos tempos de Esdras

Conforme o plano de Deus, Zorobabel conduziu um grupo de remanescentes judeus exilados de volta à Palestina. Alí, o Senhor encarrega Esdras, o sacerdote para promover a maior reconstrução espiritual: o retorno à Bíblia ( Ne 8). Esse capítulo descreve um dos maiores avivamentos da história. A Palavra de Deus remodelou seu povo e gerou em seus corações uma grande fome espiritual, mudando suas atitudes pecaminosas e renovando suas forças (Ne 8.5-6, 10).

4.4 – No Novo Testamento

A palavra “DIDASKO” é geralmente usada quando se trata de instrução verbal, no entanto, também pode ser usada para dizer: “mostra-nos”. Outras vezes esta palavra tem duplo sentido: “fazer e ensinar” (Mt 5.19; At.1.1). Também pode ser traduzida como se instruir mutuamente (Cl 3.26). Entretanto, a palavra “PAIDEÚO”, dá idéia de educar uma criança (Pv 22.6). Também implicam neste ensino,  disciplina e correção (1ª Co 11.21; 1ª Tm 1.20; Tt 2.12).

Não somente o Novo Testamento, como toda Bíblia está repleta de exemplos éticos, tendo em vista que ela é um manual de todas as éticas. Procuraremos demonstrar apenas três exemplos de ética no Novo Testamento, mas devemos procurar outros exemplos éticos em toda Bíblia, afinal ela é nosso manual por excelência.

4.5 – O exemplo de Zaqueu

A confissão genuina do pecado e a verdadeira fé, que produz salvação em Cristo resultam na transformação da conduta externa da pessoa Rm 10.9 “Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em seu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo”. Zaqueu demonstrou arrependimento e conversão com uma atitude espontânea de restituir e repartir os bens. A presença de Cristo em sua vida o transformou em um homem ético com exemplos práticos de uma nova vida (Lc 19.8).

4.6 – O exemplo de Paulo a Filemom

Paulo escreveu esta “carta da prisão” (Fm 1.9) a um homem chamado Filemom, mais provavelmente durante sua primeira prisão em Roma. Filemom era um Senhor de escravos (Fm 1.16) e membro da Igreja  de Colossos. Onésimo era um escravo de Filemom que fugira para Roma; alí, teve contato com Paulo e entregou sua vida a Jesus. Paulo dentro da ética devolve a Filemom o seu escravo Onésimo com uma carta de intercessão. Certamente Onésimo seria muito útil a Paulo na prisão, mas não era ético ficar com ele.

4.7 – A cobrança de uma postura ética

A Bíblia mostra Ananias e Safira que combinaram vender uma propriedade e entregar parte do valor como se fosse o todo (At 5.1). Seu verdadeiro objetivo era obter prestígio e mentiram diante da Igreja a respeito de suas contribuições (At 5.3). Deus considerou um delito grave contra o Espírito Santo disciplinando-os com a morte (At 5.5). Já pensou se todos os crentes infiéis morressem iguais a Ananias e Safira? (At 5.10). Que tragédia! As mortes de Ananias e Safira ficaram como exemplos perpétuos da atitude de Deus para com qualquer coração enganoso entre aqueles que professam ser cristãos (At 5.11).

 

 

4.8 – Na atualidade

Na atualidade, pela graça de Deus temos métodos diversificados de ensino bíblico. O Espírito de Deus tem despertado vidas novas para darem ênfase a esse ensino. Historicamente, na Idade Média, houve algumas barreiras religiosas por parte da Igreja Católica e algumas ideologias amedrontadoras àqueles que liam a Bíblia: “Dizia-se que quem lesse a Bíblia ficava doido”. Felizmente, houve um despertamento progressivo desde que Deus levantou Lutero, o reformador, para devolver a Bíblia às nações.

Compreender a origem, propósito e alcance da Bíblia é condição indispensável a todos quantos buscam compreender a boa, santa e agradável vontade de Deus, a fim de estarem habilitados para toda boa obra (2ª Tm 2.15). Assim como o corpo físico necessita de alimentos e proteínas, também, o nosso espírito necessita de alimento espiritual e esse alimento é o estudo pessoal da Palavra de Deus (Sl 1.1-3)

1 “Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.

2  Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite.

3  Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem sucedido.

Seria interessante fazer uma auto-avaliação e verificar quanto tempo do dia, estamos dedicando ao estudo pessoal da Palavra de Deus. Jesus disse: Nenhuma hora pudeste velar comigo? (Mt 26.40b).

4.9 – Ética Ministerial

É o ramo da Ética que apresenta o “padrão” que deve o Obreiro possuir para vir a desenvolver um ministério eficaz, onde a luz de Cristo venha resplandecer em suas ações, pois assim como o fruto é determinado pela espécie da árvore, o ministério inteiro de um homem de Deus será qualificado pelo tipo de homem que ele é.

O Senhor Jesus disse: “…a boca fala do que está cheio o coração” (Mt 12.34). O grande pregador escreveu: “Porque, como imagina em sua alma, assim ele é…”(Pv 23.7). Isso requer que o coração seja puro e repleto das coisas que ele deseja que transpareça no ministério. “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida” (Pv 4.23). Jesus era pleno da graça e da verdade; e assim, logicamente, isso é o que emanava de toda a Sua vida (João 1.14).

Ao considerarmos o caráter de um bom ministro do evangelho, notaremos primeiramente, certas tendências naturais que serão excelentes e quase necessárias. As inclinações vem do berço; mesmo assim são passíveis de desenvolvimento e devem ser cultivadas. Igualmente, é bom saber que, embora parecendo ausentes determinados dotes, a maravilhosa graça de Jesus é tão excelente que podemos, por meio dela, adquirir muitas daquelas caracteristicas consideradas “naturais”.

4.10 – Ser o Exemplo

“…Mas sê o exemplo dos fiéis; na palavra, no trato, na caridade, no espírito, na fé e na pureza” !º Tm 4.12.

Esse texto apresenta um exemplo extremamente importante referente à exemplificação moral, salientando a qualificação moral para o ministério cristão. Além deste texto a epístola toda dá elevada prioridade ao caráter e à conduta do Obreiro; o Apóstolo Paulo apresenta para Timóteo três implicações de ordens que atingem a este jovem obreiro em suas duas responsabilidades gerais. A primeira implicação se dirige ao homem de Deus, referindo a ele ser o exemplo diante dos membros da Igreja, devendo ser um tipo de modelo para os crentes, o Apóstolo Paulo tipifica o exemplo moral em cinco áreas:

– Na linguagem, ou seja, na sua comunicação como homem de Deus;

– em seu estilo de vida em geral;

– Em sua caridade;

– Em sua fé, no sentido de fidelidade e credibilidade;

– Em sua pureza pessoal.

Sem integridade de vida, seus pronunciamentos, pregações e doutrinamentos estariam limitados. A segunda implicação é uma lembrança sobre a concentração de suas responsabilidades profissionais, de modo que seu progresso seja visível por todos, aí entra a sua preparação intelectual. A terceira implicação se concentra em Timóteo vir a buscar a santidade, tendo uma vida de pureza, a razão porque o Apóstolo Paulo dá essas ordens, é: “…porque fazendo isto te salvarás, tanto a ti mesmo, como aos que te ouvem” 1ª Tm 4.16. De modo quase inacreditável, o exemplo pessoal ombreia com o ministério da palavra de Deus no contexto da salvação.

Graças e paz!

Pr. Misael Job

24-04-2017

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