CARACTERÍSTICAS QUE APROVAM UM OBREIRO

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O homem sem a direção de Deus não espera o tempo Ec. 3: 1 escolhe e impõe as mãos I Tm 5: 22ª ungi a qualquer um como obreiro sem consultar a Deus Is. 30: 1, 2; Mt. 23: 15 condenando pessoas sem conhecimento Oséias 4: 6ª e sem ser aprovado por Deus e pela sua Palavra a viver debaixo de maldição Jr. 48: 10ª; Pv. 18: 9. Para conseguirmos um emprego, quase sempre precisamos além de um bom currículo. Fazer testes, prestar concursos, ou seja, precisamos passar por provas. E na obra de Deus não é diferente, obreiros são pessoas preparadas, provadas por Deus e a sua Palavra. Isaias 48: 10 – 17 para fazer a obra, para trabalhar na seara, serviços internos ou externos da igreja Mt. 9: 35 – 38; Mt. 20: 1 ser obreiro de Deus, ao contrário de que muitos pensam não é nada fácil. Quem deseja ser obreiro de Deus excelente coisa deseja I Tm. 3: 1. Um obreiro aprovado por Deus e por Sua Palavra pode ser verdadeiramente ser chamado de “Homem de Deus’ II Reis 4: 8, 9.

1 – EM CASA – O obreiro começa a ser formado em sua casa, um homem para trabalhar na obra de Deus ele tem que aprender a administrar a sua casa, a governar a sua família. Como ele vai administrar a igreja de Deus se ele não consegue governar a sua família, como ele vai governar a igreja que é composta de multidões e famílias, cada um com seus problemas, seu jeito de ser um diferente do outro. Por isto o aprendizado do obreiro começa em casa. I Tm 3: 2 -5 e I Tm 5: 8.

2 – OS QUE ESTÃO DE FORA – O obreiro para ser aprovado por Deus também tem que ser aprovado por seus vizinhos, parentes, colegas de trabalhos, amigos, comerciantes, patrões, a boa reputação é uma exigência de Deus e da sua Palavra. Atos 6: 3ª; I Tm. 3: 7. Alguém pode dizer- “Como eu vou ter aprovação de pessoas do mundo, se o mundo é nosso inimigo”? Nós somos luz do mundo, o mundo tem que ver através das nossas atitudes, postura e caráter a presença de Cristo nas nossas vidas. Gl. 2: 20; Lc. 6: 27 – 36; IÇO. 5: 8 – 13; Mt.5:13 – 16.

3 – NA OBRA – Tem que ser um homem preparado a qualquer momento para praticar boas obras, ou seja, tem que ser um homem benigno, um homem do bem, acostumado a fazer boas coisas, pronto para socorrer, ajudar sempre pronto para praticar o bem. IITm. 3: 14 – 17; Tg. 2: 14 – 18.

Um homem do bem que não se envolve em rebeliões, contendas, mexericos, ou seja, um homem que está sempre preparado para contribuir com o crescimento do Reino de Deus, e não para destruir. IITm. 2: 14- 21.

4 – NO EVANGELHO – A timidez é inimiga e não levará para o Céu, muitos obreiros tímidos que tem vergonha de testemunhar e falar de Jesus. Jz. 7: 3; Mt. 10: 32, 33. O Evangelho é poder de Deus, o Evangelho é a mensagem de Jesus, é boas novas através do Evangelho que pessoas aceitam a Jesus, são curados, libertos, perdoados (salvos) e ganham a vida eterna. Rm. 1: 16, 17.

5 – NA PALAVRA – O obreiro tem e deve conhecer a Palavra, ainda que ele não tenha nenhum curso teológico ele com certeza tem a Bíblia e também com certeza o Espírito Santo para ensiná-lo. Jô. 14: 25, 26; II Tm. 2: 15; IITm.3: 14 – 17.

6 – DEBAIXO DE AUTORIDADE – O obreiro tem que seguir o exemplo de seu mestre Mt. 11: 29; Fp. 2: 5 – 9. Reconhecer aquele é superior, reconhecer aquele que está acima, estar debaixo de autoridade e respeitar, isto faz um verdadeiro obreiro. Rm. 13: 1 – 5.

7 – SUJEITO A DISCIPLINA MILITAR – A Palavra de Deus fala de guerra, estamos em guerra. A Batalha Espiritual é uma realidade e não podemos ignorá-la. Ef. 6: 10 – 12; Mt. 16: 18. O obreiro tem que seguir estratégia militar, estratégia de guerra, aprender a usar armas, estar preparado para atacar e ser atacado, em tempo de guerra não se tem tempo para descanso. Mq. 2: 10ª. Para dormir Pv. 10: 5; Mc. 13: 35 – 37; Ef. 5: 14 – 16. O obreiro é um soldado e tem que agir como tal. II tm. 2: 3, 4; Hb. 12: 1

8 – EXPERIÊNCIA – Pessoas novas no evangelho, pessoas inexperientes não podem ser obreiros, como trabalhar na obra, trabalhar com o público, guerrear, lutar contra Satanás e seus demônios, o obreiro tem que ser experiente, tem que dar bom testemunho, provado para ser aprovado, com conhecimento da Palavra de Deus, conhecimento do Reino de Deus, e do mundo espiritual. I Tm. 3: 6; I Co. 13: 11; I C0. 2: 13 – 15; II Tm. 2: 22; Tt. 2: 12.

9 – CHEIO DO ESPÍRITO SANTO – Ninguém pode ser obreiro do Senhor cheio do mundo e de pecado, cheio das obras do diabo, se alguém está cheio do mundo, cheios dos desejos da carne, cheios das obras do diabo e de pecado com certeza ele está vazio do Espírito Santo. Tg. 3: 4; Rm. 8: 8; Ef. 4: 27; Jõ. 8: 34. Para o obreiro ser cheio do Espírito Santo ele tem que se esvaziar destas coisas. II Tm. 2: 21. Há obreiros que não tem nem ideia do que é ser cheio do Espírito Santo, para eles ser cheio do Espírito Santo é pular, gritar, rodar, cair, falar em línguas estranhas desordenadamente. Ser cheio do Espírito Santo é ser cheio de Deus, é ter uma vida no altar, ser cheio de amor, misericórdia, justiça. Ef. 5: 1 – 21; I Co. 13; Jr. 9: 23, 24. Alguns podem dizer – “Mas quando Jesus escolheu os discípulos eles eram vazios”. É verdade, mas quem estava andando com eles, até então eles não precisavam ser cheios, mas quando chegasse a hora deles fazerem a obra eles iriam precisar ser cheios. Mc. 2: 18 – 22; Atos 1: 6 – 8; Atos 2: 1 – 4; Atos 6: 1 – 3; Atos 4: 8.

10 – CHEIO DE FÉ – Como podemos imaginar alguém fazendo a obra sem fé, fica impossível de acreditar em um obreiro sem fé fazendo a obra, sem fé ele está em pecado. Rm. 14: 23b. Você já imaginou Paulo, Pedro, Tiago, João, Estevão, Felipe fazendo a obra sem fé. Atos 6: 8; Hb. 10: 37 – 39; Rm. 10: 8; Hb. 11: 6.

11 – CHEIO DE OUSADIA – Ousadia é visão é coragem, sem ousadia o homem não faz nada, muitos ficam esperando Deus descer do Céu para falar para ele tomar atitude e fazer a obra. Deus não vai fazer isto a Palavra já está ai para isso, lance a mão do arado e não olhe pata trás. Dt. 30: 11 – 14; Lc. 9: 57 – 62; Atos 4: 143 – 20; Nm. 14: 1 – 9.

12 – CHEIO DO TEMOR DO SENHOR – Se obreiro não tem temor do Senhor ele pode ter todas as qualidades para ser um bom obreiro, mas não vai ser abençoado por Deus Pv. 15: 16. Sem temor do Senhor ele não fará a obra com sabedoria, sem temor do Senhor o homem se rebela, peca, segue qualquer vento de doutrina e não usa a Palavra de Deus como base. Jó 28: 28; Pv. 8: 13; Pv. 10: 27; Pv. 14: 26, 27.

Para o obreiro ser aprovado com certeza não é o homem, não é o dinheiro, conhecimento (nome), estudo teológico, conhecimento humano de Deus que vai fazer dele um verdadeiro obreiro. Somente aqueles que obedecem a Palavra de Deus e deixarem a Palavra de Deus produzir o fruto serão os obreiros do Senhor. João 15: 1 – 5; João 1: 14; Ap. 19: 11 – 13.

Graças e paz!

 Pr. Misael Job

 21-11-2016

 

QUALIDADES DE UM LÍDER

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Para se desenvolver uma boa Liderança é necessário que o líder desenvolva qualidades indispensáveis.

2° Timóteo 1:6 – Por cujo motivo te lembro que despertes o dom de Deus que existe em ti pela imposição das minhas mãos.

7 – Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação.

1 – O líder cristão deve estar acima das críticas – Ele não pode permitir que as críticas o influencie quanto a sua disposição e visão de trabalho, quem está à frente de um grupo sofre vários tipos de críticas, elas devem ser analisadas, mas não podem causar influências negativas no processo de liderança que se está desenvolvendo.

2 – O líder cristão deve ser fiel no relacionamento conjugal e administrar bem a sua casa – Isso demonstra exemplo para seus liderados, o grupo verá nesse líder uma pessoa confiável e um conselheiro, passando para o grupo segurança sobre o que se deve concretizar.

3 – O líder cristão deve ser sóbrio – Não deve permitir que algum deslize manche seu testemunho. É comum maus líderes tornarem-se escândalos para seus liderados, por não perceberem algumas situações que vão manchar seu caráter, ser sóbrio é estar consciente das suas responsabilidades.

4 – O líder cristão deve ser ordeiro e honesto – Para que uma liderança se desenvolva de forma equilibrada, é necessário ordem e honestidade. Os liderados esperam que seus líderes possam lhes proporcionar bem-estar. Para isso a organização do líder é fundamental, transmitindo segurança as pessoas. O líder não se pode gerar motivos de desconfiança quanto a sua honestidade.

5 – O líder cristão deve ser hospitaleiro – Ele deve desenvolver o desejo de acolher com gosto, sem demonstrar obrigação, por mais que seja o desejo próprio do seu coração, essa hospitalidade não está restrita somente ao acolher pessoas em sua casa, mas acolher em sentimentos e amor, gerando segurança às pessoas.

6 – O líder cristão deve ter aptidão para ensinar – Os liderados esperam do seu líder que ele lhes passe informações que poderão ajuda-los, por isso o líder deve buscar conhecimento e repassar esse conhecimento aos seus liderados.

7 – O líder cristão não deve ser belicoso, mas o que promove a paz – É comum em grupos haver opiniões diferentes e por isso alguns desentendimentos, mas o líder deve ter maturidade espiritual e emocional para não perder o controle da situação, ele deve sempre promover a paz no meio dos seus liderados.

 ASPECTO TEOLÓGICO DE LIDERANÇA CRISTÃ

1 – Condutores – Como lideres Cristão somos condutores do povo de Deus.

2 – Simplicidade – Ser profundo para ser simples e não superficial.

3 – Fé – A fé que o líder possui determina o verdadeiro objetivo da liderança cristã.

4 – Servo – O servo é alguém que está entre aqueles que ele lidera e não acima deles.

 ASPECTOS PERSONALÍTICOS DE UM LÍDER

1 – Visão – O líder deve ter visão dos objetivos a serem alcançados.

2 – Iniciativa – O líder não espera que as coisas aconteçam, ele busca fazer acontecer.

3 – Tenacidade – O líder terá que descobrir as razões que impedem a execução do plano, e lutar sabendo contornar os obstáculos.

4 – Serenidade – O líder deve ter autocontrole, saber enfrentar os problemas com a devida calma e segurança.

5 – Confiança – O líder deve confiar no grupo, ter a consciência de que não estar só.

6 – Simpatia – Simpatia não sorrir para tudo e todos. É compreender o grupo e em particular as pessoas, valorizando seus sentimentos.

7 – Entusiasmo – Um líder sem entusiasmo é pessimista, negativista leva o seu grupo á falência.

8 – Autenticidade – não usar mascara fingindo ser o que não é, ninguém consegue fingir por muito tempo.

 O líder pode surgir de três maneiras

  1. Abrindo seu próprio caminho.
  2. Sendo escolhido pelo grupo
  3. Sendo indicado por alguém superior.

Tipos de lideranças

1 – Liderança autocrática – O líder autocrático não se importa em saber o que seus liderados pensam apenas os trata como simples subordinado. Em geral são pessoas irritáveis, brutais, colérica, egoísta e incapaz de compreender os outros.

2 – Liderança liberal – Em geral é uma pessoa que foi criada sem que lhe exigisse um mínimo de responsabilidades, diante do grupo é uma pessoa que delega tarefas, não traça objetivo, não orienta os liderados, apenas deixa correr.

 

3 – Liderança democrático-participativa – Ao contrário das duas anteriores, é uma liderança ideal de um líder seguro de si mesmo, que tem uma excelente autoimagem, que conhece o ser humano e tenta trabalhar com cada um, respeitando e descobrindo novas responsabilidades, é uma pessoa que dar exemplo, estimula o grupo e procura manter sua competência, paciência, tolerância e honestidade.

 Graças e paz!

Pr. Misael Job

 14-11-2016

BASES PARA A FIRMEZA DO OBREIRO

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2 Timóteo 3.10-16

10 Tu, porém, tens seguido, de perto, o meu ensino, procedimento, propósito, fé, longanimidade, amor, perseverança,

11 as minhas perseguições e os meus sofrimentos, quais me aconteceram em Antioquia, Icônio e Listra, – que variadas perseguições tenho suportado! De todas, entretanto, me livrou o Senhor.

12 Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos.

13 Mas os homens perversos e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados.

14 Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste

15 e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus.

16 Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça,

17 a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.

Toda boa construção começa por uma boa base. Quanto ao ministério de um obreiro, é imprescindível que o mesmo seja alicerçado em uma base bem sólida para no futuro não resultar em uma grande frustração.

Estudemos um pouco sobre alguns princípios que proporcionam uma base na qual o obreiro pode e deve construir o seu ministério.

O MINISTÉRIO é Projeto estabelecido por Deus (I Sm 16.1, 11 a 13). Quando nem Samuel, Jessé, nenhum dos irmãos de Davi, nem outra pessoa qualquer sabiam da escolha de Davi para reinar sobre Israel, Deus já tinha este conhecimento, e mais ainda a decisão. Ninguém, especialmente os outros filhos de Jessé, imaginaria que o pequeno Davi fosse o escolhido de Deus para aquela tão grande responsabilidade. Isto ocorreu por causa da soberania divina, ou seja, a chamada, ou se preferirmos, a escolha é um ato exclusivo do Senhor (Lc 6.12,13; Mc 3.13)

  • Como Paulo descobriu Timóteo (At 16.1; At 14.5-7). É interessante observarmos como Deus criou as circunstâncias para que Paulo pudesse encontrar Timóteo. Deus já havia descoberto o potencial ministerial naquele seu servo, mas era necessário que alguém visse isso também, e neste caso coube a Paulo a incumbência, mas para que isto fosse levado a bom termo foi necessária a intervenção divina, aliás, como ocorre em toda confirmação da chamada divina na vida de qualquer pessoa.
  • O autêntico TESTEMUNHO que os irmãos davam de Timóteo fez a diferença. (At 16.2). Foi da maior importância o testemunho que os irmãos davam acerca do jovem Timóteo, pois através do mesmo, Paulo pôde ter a confirmação de que aquele rapaz era mesmo alguém diferenciado e poderia vir a ser um obreiro de valor.

A falta de um bom testemunho é o que está aleijando muitos jovens nos dias atuais para o exercício do santo ministério. É grande o número de aspirantes ao ministério que apresentam uma deformidade de caráter enorme, desvios de conduta sérios, o que os desqualifica para o sacerdócio divino (Lv 21.17-20).

  • Paulo leva Timóteo consigo. (At. 16.3). Paulo tomou a decisão de levar Timóteo consigo para prepará-lo para o ministério por ter ele preenchido os requisitos necessários. Qualquer aspirante ao ministério precisa ter consciência disto (1 Tm 3.1-7).

O OBREIRO precisa SER submisso aos pais como recomenda a Palavra do Senhor (Ef 6.1-3). Aqui encontramos um dos maiores entraves para muitos, especialmente os mais jovens, no tocante ao ministério, especialmente nos dias em que vivemos por conta da rebeldia contra os pais que tem tomado conta de uma considerável parcela da juventude. Lembremo-nos que esta recomendação bíblica não foi apenas para Timóteo, nem também somente para os seus dias, mas foi e é para todos em qualquer tempo e lugar.

  • Paulo LEMBRA da fé não fingida de Timóteo, tomando como referência o exemplo da avó e da mãe do jovem obreiro. (2 Tm 1.3-5). Foi fundamental para Timóteo o legado de fé que ele herdou tanto de sua mãe, Eunice como também da avó Lóide. É muito importante uma boa formação espiritual desde a infância, pois isto dá ao jovem reais possibilidades de evitar muitos transtornos durante a sua caminhada. Aqueles que não tiveram esse privilégio devem procurar dar tudo de si a partir da sua conversão a Cristo, a fim de demonstrar a transformação ocorrida em sua vida pelo poder do Evangelho.
  • A razão da fé que há em Timóteo é a Palavra de Deus (2 Tm 3.15; Rm 10.17). A fé não é algo que acontece na vida de alguém por mero acidente ou coincidência, mas é algo gerado pela Palavra de Deus, à medida que a pessoa vai se alimentando da Palavra a fé vai se desenvolvendo em sua vida.

Timóteo foi um jovem obreiro cheio de fé porque desde a sua meninice soube nutrir sua alma com as Sagradas letras, exemplo que deve ser seguido por todos.

Paulo, referência de maturidade ministerial.  (2 Tm 3.14). Paulo se tornou um referencial para o jovem Timóteo, o que lhe possibilitou um rápido e seguro crescimento ministerial. Você tem como referencial alguém que pode verdadeiramente lhe servir de exemplo? Infelizmente muitos procuram referência em ídolos, gente famosa e que faz muito sucesso, por isso vai aqui um conselho bíblico: Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a Palavra de Deus, a fé dos quais imitai, atentando para a sua maneira de viver (Hb 13.7).

  • As virtudes cristãs do obreiro maduro devem influenciar o jovem obreiro (2 Tm 3.10). Timóteo pôde extrair das experiências de Paulo muito conteúdo para a sua vida e o seu ministério o que sem dúvida alguma o ajudou imensamente. Ainda que com o jovem esteja todo o vigor da sua juventude, mas é com o idoso que está a experiência, a qual se o jovem puder aliá-la à sua força com certeza dar-lhe-á muito mais condições de desenvolver um excelente trabalho.

PERSEGUIÇÕES, elementos da pedagogia divina no Ministério (2 Tm 3.11). A vida e o ministério de Paulo foram marcados por grandes e duras perseguições e provações (1 Co 11.21-28).

  • Através da vida de outros (2 Tm 3.11). Aprender à custa dos outros é bem mais confortante e menos doloroso. Com certeza Timóteo evitou muitos dissabores em seu ministério por ter aprendido através dos sofrimentos de Paulo e de outros que lhe serviram de inspiração. Isto nos leva a entender que a observação é fundamental por parte de um jovem obreiro que pretende prosperar em seu ministério.
  • Através da sua própria vida (2 Tm 3.12). Não basta o que aprendemos através de outros, é necessário ter as nossas experiências próprias no decorrer da nossa carreira. Para isto precisamos estar preparados a fim de não entrarmos em pânico quando formos assaltados pelas lutas, problemas, privações, e até mesmo os sofrimentos, pois tudo isto faz parte do processo de ensino do Senhor.

A PALAVRA DE DEUS, fundamento norteador para o obreiro (2 Tm 3.16-17). Nenhum obreiro do Senhor pode ter um ministério abençoado e bem-sucedido afastado da Palavra do Senhor. É imprescindível que desde cedo o obreiro perceba a importância e o valor da Palavra de Deus para o seu ministério.

De que forma isto se dá? Através do apego por parte do obreiro para com a Palavra, o que pode ser visto por meio de leitura e estudo contínuo das Sagradas Escrituras; interesse por estudar teologia, fazer cursos bíblicos, participar de seminários, ser um aluno assíduo da Escola Dominical, ler bons livros, etc.

  • A Palavra de Deus é a principal ferramenta de trabalho do obreiro (2 Tm 4.1-2). Sendo a Palavra de Deus a principal ferramenta de trabalho do obreiro cristão, é necessário que este seja habilidoso no uso de tal ferramenta, utilizando-a de maneira correta em qualquer ocasião, o que exigirá do obreiro um profundo conhecimento da Palavra.

Infelizmente existe um número considerável de obreiros em nossos dias que até são eloquentes, mas deixam muito a desejar quanto a qualidade e a profundidade de sua pregação. É preciso que aquele que expõe a Palavra de Deus o faça com muita propriedade.

O Obreiro que almeja ser APROVADO, precisa manejar bem a Palavra da verdade (2 Tm 2.15). O que mais se precisa em nossos dias não é simplesmente de obreiros, mas sim, obreiros aprovados, que não tenham de que se envergonhar e não envergonhem o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.

O obreiro tem o grande desafio de influenciar a sua geração, tanto com a pregação, como também com o seu testemunho, o que só é possível através de um obreiro aprovado.

Tomando como princípios os pontos aqui abordados e tantos outros que podem ser incluídos, o jovem obreiro pode estar seguro de que terá um ministério bem-sucedido e com a aprovação de Deus, o que resultará em grandes benefícios para a Obra de Deus e a sociedade em geral.

Graças e paz!

Pr. Misael Job

 07-11-2016

500 ANOS (QUASE) DO INÍCIO DA REFORMA PROTESTANTE!

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31 de outubro, o dia que marca como as crenças de um homem pode mudar o mundo.

A Reforma Protestante aconteceu no século XVI e se originou na Europa Central. Liderado por Martinho Lutero, este foi um movimento de renovação, onde foram criadas várias igrejas, todas se declarando com a ausência de autoridade do Papa.
No ano de 1517, mais precisamente no dia 31 de outubro, Martinho Lutero iniciou em frente a igreja de Wittenberg, uma inovadora proposta de reforma, através de argumentos contra a doutrina das indulgências. Tal proposta passou a ser mundialmente conhecida como as 95 teses, postas na porta da igreja do Castelo (Schlosskirche).
No começo, este não era um ato de desafio ou provocação, visto que a Igreja do Castelo se localizava na rua mais importante de Wittenberg, sendo que a porta dessa igreja servia como um quadro de avisos públicos, ou seja, o lugar adequado para se por notícias importantes. Ademais, todas as teses foram escritas em latim (língua oficial da Igreja), e não em alemão. Todavia, essa situação causou alguns embates entre o Lutero e os aliados do Papa sobre as doutrinas e práticas.

A iniciativa teve consequências por toda a Europa, dividiu reinos, gerou protestos e mortes. E mudou para sempre a Igreja. Para alguns, Lutero destruiu a unidade do que era considerada a igreja, era um monge renegado que desejava apenas destruir os fundamentos da vida monástica. Para outros, é um grande herói, que restaurou a pregação do evangelho puro de Jesus e da Bíblia, o reformador de uma igreja corrupta.
Inquestionavelmente a Reforma trouxe grandes conquistas para a igreja, ao resgatar as doutrinas genuinamente bíblicas e indispensáveis à igreja, que podem ser baseadas em 5 pilares principais: somente a escritura, somente a fé, somente a graça, somente Cristo e glória somente a Deus.

SOLA SCRIPTURA – Reafirmamos a Escritura inerrante como fonte única de revelação divina escrita, única para constranger a consciência. A Bíblia sozinha ensina tudo o que é necessário para nossa salvação do pecado, e é o padrão pelo qual todo comportamento cristão deve ser avaliado.

Negamos que qualquer credo, concílio ou indivíduo possa constranger a consciência de um crente, que o Espírito Santo fale independentemente de, ou contrariando, o que está exposto na Bíblia, ou que a experiência pessoal possa ser veículo de revelação.

SOLA FIDE – Reafirmamos que a justificação é somente pela graça somente por intermédio da fé somente por causa de Cristo. Na justificação a retidão de Cristo nos é imputada como o único meio possível de satisfazer a perfeita justiça de Deus.

Negamos que a justificação se baseie em qualquer mérito que em nós possa ser achado, ou com base numa infusão da justiça de Cristo em nós; ou que uma instituição que reivindique ser igreja mas negue ou condene sola fide possa ser reconhecida como igreja legítima.

SOLA GRATIA – Reafirmamos que na salvação somos resgatados da ira de Deus unicamente pela sua graça. A obra sobrenatural do Espírito Santo é que nos leva a Cristo, soltando-nos de nossa servidão ao pecado e erguendo-nos da morte espiritual à vida espiritual.

Negamos que a salvação seja em qualquer sentido obra humana. Os métodos, técnicas ou estratégias humanas por si só não podem realizar essa transformação. A fé não é produzida pela nossa natureza não-regenerada.

SOLO CHRISTUS – Reafirmamos que nossa salvação é realizada unicamente pela obra mediatória do Cristo histórico. Sua vida sem pecado e sua expiação por si só são suficientes para nossa justificação e reconciliação com o Pai.

Negamos que o evangelho esteja sendo pregado se a obra substitutiva de Cristo não estiver sendo declarada e a fé em Cristo e sua obra não estiver sendo invocada.

SOLI DEO GLORIA – Reafirmamos que, como a salvação é de Deus e realizada por Deus, ela é para a glória de Deus e devemos glorificá-lo sempre. Devemos viver nossa vida inteira perante a face de Deus, sob a autoridade de Deus, e para sua glória somente.

Negamos que possamos apropriadamente glorificar a Deus se nosso culto for confundido com entretenimento, se negligenciarmos ou a Lei ou o Evangelho em nossa pregação, ou se permitirmos que o afeiçoamento próprio, a autoestima e a auto realização se tornem opções alternativas ao evangelho.

Mas a reforma não parou por aí. Unindo forças ao movimento de Lutero outros homens considerados reformadores como Philipp Melanchthon, João Calvino, Ulrich Zwinglio, John Knox, Guilherme Farel, Martin Bucer, entre outros, tiveram papéis determinantes na história da Reforma Protestante.

Os idiomas Alemão e Francês foram atingidos pela reforma, e educação na Alemanha, na Inglaterra e toda sua estrutura iniciada pelos Puritanos que depois, navegando para o novo mundo, tiveram papel fundamental na fundação dos EUA entre tantas outras coisas.
O movimento encabeçado por Lutero ocorreu durante um dos períodos mais revolucionários da história (passagem da Idade Média para o Renascimento) e mostra como as crenças de um homem pode mudar o mundo.

Aqui estão as 95 teses de Martinho Lutero:

  1. Ao dizer: “Fazei penitência”, etc. [Mt 4.17], o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse penitência.
  2. Esta penitência não pode ser entendida como penitência sacramental (isto é, da confissão e satisfação celebrada pelo ministério dos sacerdotes).
  3. No entanto, ela não se refere apenas a uma penitência interior; sim, a penitência interior seria nula se, externamente, não produzisse toda sorte de mortificação da carne.
  4. Por consequência, a pena perdura enquanto persiste o ódio de si mesmo (isto é a verdadeira penitência interior), ou seja, até a entrada do reino dos céus.
  5. O papa não quer nem pode dispensar de quaisquer penas senão daquelas que impôs por decisão própria ou dos cânones.
  6. O papa não tem o poder de perdoar culpa a não ser declarando ou confirmando que ela foi perdoada por Deus; ou, certamente, perdoados os casos que lhe são reservados. Se ele deixasse de observar essas limitações, a culpa permaneceria.
  7. Deus não perdoa a culpa de qualquer pessoa sem, ao mesmo tempo, sujeitá-la, em tudo humilhada, ao sacerdote, seu vigário.
  8. Os cânones penitenciais são impostos apenas aos vivos; segundo os mesmos cânones, nada deve ser imposto aos moribundos.
  9. Por isso, o Espírito Santo nos beneficia através do papa quando este, em seus decretos, sempre exclui a circunstância da morte e da necessidade.
  10. Agem mal e sem conhecimento de causa aqueles sacerdotes que reservam aos moribundos penitências canônicas para o purgatório.
  11. Essa cizânia de transformar a pena canônica em pena do purgatório parece ter sido semeada enquanto os bispos certamente dormiam.
  12. Antigamente se impunham as penas canônicas não depois, mas antes da absolvição, como verificação da verdadeira contrição.
  13. Através da morte, os moribundos pagam tudo e já estão mortos para as leis canônicas, tendo, por direito, isenção das mesmas.
  14. Saúde ou amor imperfeito no moribundo necessariamente traz consigo grande temor, e tanto mais quanto menor for o amor.
  15. Este temor e horror por si sós já bastam (para não falar de outras coisas) para produzir a pena do purgatório, uma vez que estão próximos do horror do desespero.
  16. Inferno, purgatório e céu parecem diferir da mesma forma que o desespero, o semidesespero e a segurança.
  17. Parece necessário, para as almas no purgatório, que o horror devesse diminuir à medida que o amor crescesse.
  18. Parece não ter sido provado, nem por meio de argumentos racionais nem da Escritura, que elas se encontrem fora do estado de mérito ou de crescimento no amor.
  19. Também parece não ter sido provado que as almas no purgatório estejam certas de sua bem-aventurança, ao menos não todas, mesmo que nós, de nossa parte, tenhamos plena certeza disso.
  20. Portanto, por remissão plena de todas as penas, o papa não entende simplesmente todas, mas somente aquelas que ele mesmo impôs.
  21. Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam que a pessoa é absolvida de toda pena e salva pelas indulgências do papa.
  22. Com efeito, ele não dispensa as almas no purgatório de uma única pena que, segundo os cânones, elas deveriam ter pago nesta vida.
  23. Se é que se pode dar algum perdão de todas as penas a alguém, ele, certamente, só é dado aos mais perfeitos, isto é, pouquíssimos.
  24. Por isso, a maior parte do povo está sendo necessariamente ludibriada por essa magnífica e indistinta promessa de absolvição da pena.
  25. O mesmo poder que o papa tem sobre o purgatório de modo geral, qualquer bispo e cura tem em sua diocese e paróquia em particular.
  26. O papa faz muito bem ao dar remissão às almas não pelo poder das chaves (que ele não tem), mas por meio de intercessão.
  27. Pregam doutrina mundana os que dizem que, tão logo tilintar a moeda lançada na caixa, a alma sairá voando [do purgatório para o céu].
  28. Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa, pode aumentar o lucro e a cobiça; a intercessão da Igreja, porém, depende apenas da vontade de Deus.
  29. E quem é que sabe se todas as almas no purgatório querem ser resgatadas, como na história contada a respeito de São Severino e São Pascoal?
  30. Ninguém tem certeza da veracidade de sua contrição, muito menos de haver conseguido plena remissão.
  31. Tão raro como quem é penitente de verdade é quem adquire autenticamente as indulgências, ou seja, é raríssimo.
  32. Serão condenados em eternidade, juntamente com seus mestres, aqueles que se julgam seguros de sua salvação através de carta de indulgência.
  33. Deve-se ter muita cautela com aqueles que dizem serem as indulgências do papa aquela inestimável dádiva de Deus através da qual a pessoa é reconciliada com Ele.
  34. Pois aquelas graças das indulgências se referem somente às penas de satisfação sacramental, determinadas por seres humanos.
  35. Os que ensinam que a contrição não é necessária para obter redenção ou indulgência, estão pregando doutrinas incompatíveis com o cristão.
  36. Qualquer cristão que está verdadeiramente contrito tem remissão plena tanto da pena como da culpa, que são suas dívidas, mesmo sem uma carta de indulgência.
  37. Qualquer cristão verdadeiro, vivo ou morto, participa de todos os benefícios de Cristo e da Igreja, que são dons de Deus, mesmo sem carta de indulgência.
  38. Contudo, o perdão distribuído pelo papa não deve ser desprezado, pois – como disse – é uma declaração da remissão divina[2].
  39. Até mesmo para os mais doutos teólogos é dificílimo exaltar simultaneamente perante o povo a liberalidade de indulgências e a verdadeira contrição.[3]
  40. A verdadeira contrição procura e ama as penas, ao passo que a abundância das indulgências as afrouxa e faz odiá-las, ou pelo menos dá ocasião para tanto.[4]
  41. Deve-se pregar com muita cautela sobre as indulgências apostólicas, para que o povo não as julgue erroneamente como preferíveis às demais boas obras do amor.[5]
  42. Deve-se ensinar aos cristãos que não é pensamento do papa que a compra de indulgências possa, de alguma forma, ser comparada com as obras de misericórdia.
  43. Deve-se ensinar aos cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado, procedem melhor do que se comprassem indulgências.[6]
  44. Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a pessoa se torna melhor, ao passo que com as indulgências ela não se torna melhor, mas apenas mais livre da pena.
  45. Deve-se ensinar aos cristãos que quem vê um carente e o negligencia para gastar com indulgências obtém para si não as indulgências do papa, mas a ira de Deus.
  46. Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem bens em abundância, devem conservar o que é necessário para sua casa e de forma alguma desperdiçar dinheiro com indulgência.
  47. Deve-se ensinar aos cristãos que a compra de indulgências é livre e não constitui obrigação.
  48. Deve ensinar-se aos cristãos que, ao conceder perdões, o papa tem mais desejo (assim como tem mais necessidade) de oração devota em seu favor do que do dinheiro que se está pronto a pagar.
  49. Deve-se ensinar aos cristãos que as indulgências do papa são úteis se não depositam sua confiança nelas, porém, extremamente prejudiciais se perdem o temor de Deus por causa delas.
  50. Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa soubesse das exações dos pregadores de indulgências, preferiria reduzir a cinzas a Basílica de S. Pedro a edificá-la com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.
  51. Deve-se ensinar aos cristãos que o papa estaria disposto – como é seu dever – a dar do seu dinheiro àqueles muitos de quem alguns pregadores de indulgências extorquem ardilosamente o dinheiro, mesmo que para isto fosse necessário vender a Basílica de S. Pedro.
  52. Vã é a confiança na salvação por meio de cartas de indulgências, mesmo que o comissário ou até mesmo o próprio papa desse sua alma como garantia pelas mesmas.
  53. São inimigos de Cristo e do Papa aqueles que, por causa da pregação de indulgências, fazem calar por inteiro a palavra de Deus nas demais igrejas.
  54. Ofende-se a palavra de Deus quando, em um mesmo sermão, se dedica tanto ou mais tempo às indulgências do que a ela.
  55. A atitude do Papa necessariamente é: se as indulgências (que são o menos importante) são celebradas com um toque de sino, uma procissão e uma cerimônia, o Evangelho (que é o mais importante) deve ser anunciado com uma centena de sinos, procissões e cerimônias.
  56. Os tesouros da Igreja, a partir dos quais o papa concede as indulgências, não são suficientemente mencionados nem conhecidos entre o povo de Cristo.
  57. É evidente que eles, certamente, não são de natureza temporal, visto que muitos pregadores não os distribuem tão facilmente, mas apenas os ajuntam.
  58. Eles tampouco são os méritos de Cristo e dos santos, pois estes sempre operam, sem o papa, a graça do ser humano interior e a cruz, a morte e o inferno do ser humano exterior.
  59. S. Lourenço disse que os pobres da Igreja são os tesouros da mesma, empregando, no entanto, a palavra como era usada em sua época.
  60. É sem temeridade que dizemos que as chaves da Igreja, que foram proporcionadas pelo mérito de Cristo, constituem estes tesouros.
  61. Pois está claro que, para a remissão das penas e dos casos especiais, o poder do papa por si só é suficiente.
  62. O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.
  63. Mas este tesouro é certamente o mais odiado, pois faz com que os primeiros sejam os últimos.
  64. Em contrapartida, o tesouro das indulgências é certamente o mais benquisto, pois faz dos últimos os primeiros.
  65. Portanto, os tesouros do Evangelho são as redes com que outrora se pescavam homens possuidores de riquezas.
  66. Os tesouros das indulgências, por sua vez, são as redes com que hoje se pesca a riqueza dos homens.
  67. As indulgências apregoadas pelos seus vendedores como as maiores graças realmente podem ser entendidas como tais, na medida em que dão boa renda.
  68. Entretanto, na verdade, elas são as graças mais ínfimas em comparação com a graça de Deus e a piedade da cruz.
  69. Os bispos e curas têm a obrigação de admitir com toda a reverência os comissários de indulgências apostólicas.
  70. Têm, porém, a obrigação ainda maior de observar com os dois olhos e atentar com ambos os ouvidos para que esses comissários não preguem os seus próprios sonhos em lugar do que lhes foi incumbidos pelo papa.
  71. Seja excomungado e amaldiçoado quem falar contra a verdade das indulgências apostólicas.
  72. Seja bendito, porém, quem ficar alerta contra a devassidão e licenciosidade das palavras de um pregador de indulgências.
  73. Assim como o papa, com razão, fulmina aqueles que, de qualquer forma, procuram defraudar o comércio de indulgências,
  74. muito mais deseja fulminar aqueles que, a pretexto das indulgências, procuram fraudar a santa caridade e verdade.
  75. A opinião de que as indulgências papais são tão eficazes a ponto de poderem absolver um homem mesmo que tivesse violentado a mãe de Deus, caso isso fosse possível, é loucura.
  76. Afirmamos, pelo contrário, que as indulgências papais não podem anular sequer o menor dos pecados venais no que se refere à sua culpa.
  77. A afirmação de que nem mesmo São Pedro, caso fosse o papa atualmente, poderia conceder maiores graças é blasfêmia contra São Pedro e o Papa.
  78. Dizemos contra isto que qualquer papa, mesmo São Pedro, tem maiores graças que essas, a saber, o Evangelho, as virtudes, as graças da administração (ou da cura), etc., como está escrito em I.Coríntios XII.
  79. É blasfêmia dizer que a cruz com as armas do papa, insigneamente erguida, equivale à cruz de Cristo.
  80. Terão que prestar contas os bispos, curas e teólogos que permitem que semelhantes sermões sejam difundidos entre o povo.
  81. Essa licenciosa pregação de indulgências faz com que não seja fácil nem para os homens doutos defender a dignidade do papa contra calúnias ou questões, sem dúvida argutas, dos leigos.
  82. Por exemplo: Por que o papa não esvazia o purgatório por causa do santíssimo amor e da extrema necessidade das almas – o que seria a mais justa de todas as causas –, se redime um número infinito de almas por causa do funestíssimo dinheiro para a construção da basílica – que é uma causa tão insignificante?
  83. Do mesmo modo: Por que se mantêm as exéquias e os aniversários dos falecidos e por que ele não restitui ou permite que se recebam de volta as doações efetuadas em favor deles, visto que já não é justo orar pelos redimidos?
  84. Do mesmo modo: Que nova piedade de Deus e do papa é essa que, por causa do dinheiro, permite ao ímpio e inimigo redimir uma alma piedosa e amiga de Deus, mas não a redime por causa da necessidade da mesma alma piedosa e dileta por amor gratuito?
  85. Do mesmo modo: Por que os cânones penitenciais – de fato e por desuso já há muito revogados e mortos – ainda assim são redimidos com dinheiro, pela concessão de indulgências, como se ainda estivessem em pleno vigor?
  86. Do mesmo modo: Por que o papa, cuja fortuna hoje é maior do que a dos ricos mais Crassos, não constrói com seu próprio dinheiro ao menos esta uma Basílica de São Pedro, ao invés de fazê-lo com o dinheiro dos próprios fiéis?
  87. Do mesmo modo: O que é que o papa perdoa e concede àqueles que, pela contrição perfeita, têm direito à plena remissão e participação?
  88. Do mesmo modo: Que benefício maior se poderia proporcionar à Igreja do que se o papa, assim como agora o faz uma vez, da mesma forma concedesse essas remissões e participações cem vezes ao dia a qualquer dos fiéis?
  89. Já que, com as indulgências, o papa procura mais a salvação das almas do que o dinheiro, por que suspende as cartas e indulgências, outrora já concedidas, se são igualmente eficazes?
  90. Reprimir esses argumentos muito perspicazes dos leigos somente pela força, sem refutá-los apresentando razões, significa expor a Igreja e o papa à zombaria dos inimigos e fazer os cristãos infelizes.
  91. Se, portanto, as indulgências fossem pregadas em conformidade com o espírito e a opinião do papa, todas essas objeções poderiam ser facilmente respondidas e nem mesmo teriam surgido.
  92. Portanto, fora com todos esses profetas que dizem ao povo de Cristo “Paz, paz!” sem que haja paz!
  93. Que prosperem todos os profetas que dizem ao povo de Cristo “Cruz! Cruz!” sem que haja cruz!
  94. Devem-se exortar os cristãos a que se esforcem por seguir a Cristo, sua cabeça, através das penas, da morte e do inferno.
  95. E que confiem entrar no céu antes passando por muitas tribulações do que por meio da confiança da paz.

[1517 D.C.]

Paz e Graça

Pr. Misael Job